terça-feira, 15 de novembro de 2011

Programa de sexta

Por Joice Balboa
A sexta-feira começou muito boa, a professora liberou a aula para fazermos uma crônica. Aproveitei e dormi até que a cama casasse de mim. Fazia tempo que não me dava esse luxo. As quase 12 horas de sono me deram fôlego para tocar o meu dia no pique. Lavei até roupa! Claro que quem lavou foi a máquina, a última vez que lembro de ter lavado roupa a mão, ainda morava numa quitenete. E tenho que concordar com minha mãe, que sempre dizia que a lavagem da máquina estraga a roupa. As de lã e linho ficam com bolinhas, as de algodão encolhem e as pretas ficam esbranquiçadas.

O sol raiava poderoso no céu azul, o calor implorava por uma praia, e eu ali apenas a dois  quilômetros de distância, sem poder desfrutar dessa maravilha. Me dei ao luxo de dormir até tarde, mas não pude me dar ao luxo de ir a praia, tinha obrigações a cumprir. Assim como boa parte das pessoas que moram no sul ou no norte da Ilha, que trabalham suas oito horas diárias no centro, perdem de três a quatro horas no trânsito de casa para o trabalho e vice-versa. Só ai já se vai metade do dia, descontando as sete horas de sono, restam cinco para organizar a casa, tomar banho, e se alimentar. Mas ainda existe o domingo! Que serve para se recuperar da ressaca da balada de sábado a noite e estar bem na segunda feira para o trabalho.

Meu primeiro compromisso presencial de sexta era às 17h, meu trabalho. A propósito sou diagramadora do jornal Notícias do Dia. Muita gente me pergunta o que é diagramação, acho que nem minha mãe sabe direito o que é. Sempre explico que minha função é distribuir as fotos, textos e gráficos na página do jornal, mas ainda assim as pessoas ficam sem entender direito o que isso significa. Na segunda semana de trabalho, minha mãe me perguntou porque não tinha matérias assinadas com meu nome, e eu disse que não estava lá no jornal como repórter. Ela me olhou com aquela cara de quem não tá entendendo absolutamente nada, expliquei mais uma vez e mostrei meu nome no expediente do caderno de esporte em diagramação, acho que ela entendeu.

Mas a sexta-feira ainda estava começando. Três colegas do trabalho planejavam sair e me convidaram. “Vamos, vai ser legal, uma amigo meu vai tocar”, me convencia Marcos Souza, também diagramador e mais conhecido como Tito. Cristina de Oliveira, outra da nossa equipe de paginadores, estava indecisa porque queria sair com o paquera.Tina, como a chamamos, sai mais cedo que a gente, e na sexta não foi diferente, ela não se empolgou muito com a nossa saída e ainda ia ter aula no sábado pela manhã. Menos uma para a nossa “baladinha” de sexta. Cristiane, outra do bando, também se amarrou e disse que tinha que ir dormir cedo, desculpa esfarrapada, eu e Tito insistimos um pouco, mas não surtiu efeito algum.

Passava da meia noite, eu e Tito íamos para o que ele me dizia ser uma nova experiência. “Tás preparada?”, me perguntava. O lugar fica na mesma rua do Bokarra Club, no Centro do Floripa. Na entrada da boate GLS, a Drag Queen Selma Light fazia a recepção. Minha entrada no Mix Café custou R$ 20,00, a do Tito não custou porque tinha nome na lista. Lá dentro encontramos com os amigos do Tito, eu já conhecia o Edelson de outra festa na casa do Tito, e mais uns dois, mas não lembro os nomes.

Edelson Hames, 27, é formado em design de interiores, mas é mais um desses que praticamente nunca trabalhou na área, adora uma balada e já tentou o Big Brother Brasil duas vezes, uma em 2007 e outra em 2008. É só digitar o nome dele no Google que aparecem os vídeos. Acho que o último BBB que acompanhei foi o de 2001, quando tinha meus 12 anos. Eu pensava que quando tivesse 18 ia me inscrever para o reality show, mas a vontade sumiu tanto de assistir quanto de participar. Vontades melhores ocupam os meus sonhos agora.

A sexta já tinha virado a madrugada de sábado, e na pista do segundo piso, o amigo do Tito dj Anderson Negão agitava a boate. Do lado direito do palco, uma fileira de homens encostados na parede e entre eles estava o Tito, que foi agarrado por um rapaz, sem nome, idade ou profissão, porque ele simplesmente sumiu do mesmo jeito que apareceu. Com uma dose de Big apple com Red Bull eu dançava loucamente. O Tito tinha desaparecido, abduzido por algum outro homem. Quando reapareceu um cara se aproximou e o levou novamente. Depois me chamou para irmos embora. Se não fosse eu, quem teria ganhado uma carona seria este útlimo homem. Cheguei em casa cinco da manhã e meu namorado estava acordando para o curso...

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